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Em Mato Grosso do Sul disputa acirrada coloca o Pantanal na pauta dos candidatos

Por 28 de setembro de 2022setembro 30th, 2022Eleições, Notícias, Políticas Públicas

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O Pantanal tem sua maior extensão dentro do estado de Mato Grosso do Sul, e nesse sentido levantamos os planos dos candidatos ao governo em relação ao meio ambiente e em específico ao Pantanal. Também enviamos questionamentos a respeito do tema para cada um deles. Sua respostas seguem no texto abaixo:

 

 Eduardo Riedel (PSDB)

O candidato Eduardo Riedel (PSDB), tem um programa de governo graficamente exemplar e de conteúdo extremamente atraente aos olhos e ouvidos. De acordo com o programa, todas as ações seguirão a cartilha dos 17 ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) da Agenda 2030 elaborada pela ONU em 2015.  

Mas, o programa será posto em prática por uma coligação que reúne PSDB-Cidadania, PP, PL e Republicanos – o núcleo duro do centrão e da extrema direita.

O candidato usa muitos termos do jargão ambiental e diz que irá promover ações no combate às mudanças climáticas, a conservação dos recursos hídricos, proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. Mas, faltam detalhamentos e abordagem direta às questões ambientais de Mato Grosso do Sul. 

Suas propostas passam pelos eixos Educação e qualificação profissional, Saúde única e qualidade de vida, Segurança pública, Inclusão social, produtiva e digital,  Moradia e urbanização, Esporte, lazer e entretenimento, Cultura e cidadania, Cultura e cidadania, Cultura e cidadania, Oportunidades, emprego e renda, Setor produtivo, ambiente de negócios e dinamismo econômico, Inovação, ciência, tecnologia e empreendedorismo, Infraestrutura, saneamento e logística, Agricultura familiar, pequeno produtor e segurança alimentar, Internacionalização produtiva, turismo, economia criativa e meio ambiente. 

Bioma como oportunidade de negócios

O Pantanal é contemplado no eixo “ESG, economia circular e negócios sustentáveis – Promover a produção sustentável, a cultura, o turismo, a infraestrutura e a conservação do Bioma Pantanal”. 

O bioma também aparece no eixo de infraestrutura com promessa de melhoramento de suas estradas e no eixo de meio ambiente, obviamente, mas em condições de isonomia com as demais áreas naturais do estado: “Intensificar ações de educação ambiental e de conservação da biodiversidade dos biomas Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica”.

Estas são as considerações finais do candidato no documento: “Dessa forma, precisamos realizar ações que transformem o Mato Grosso do Sul, mas não de forma isolada, ao contrário, umbilicalmente conectado com as necessidades de transformações mundiais. Assim, podemos proporcionar que o nosso Estado seja referência em boas práticas sociais, ambientais e econômicas e seja um exemplo para o Brasil e para o mundo. 

Pontos de atenção

Com um plano bastante amplo, não há sequer um detalhamento de como o candidato pretende acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.

Seu plano segue de forma transversal aos 17 ODS da ONU, e apresenta propostas no formato de tópicos. Quando fala de emprego digno e crescimento econômico, por exemplo, Riedel diz que irá promover o crescimento sustentável, mas na parte de ações ele defende liberdade econômica e individual.  

O documento é assinado por Riedel e subscrito pela  Coligação Trabalhando Por Um Novo Futuro, dando a entender que existe um futuro que já passou.

Ao ser questionado sobre o bioma Pantanal, Riedel respondeu:

Nosso Estado tem sido um exemplo da aliança entre meio ambiente e desenvolvimento. Nos últimos anos implementamos políticas de desenvolvimento sustentável, especialmente no que se refere a descarbonização. Para isso, promovemos a cooperação para o financiamento, incentivos, desoneração, capacitação, desenvolvimento, transferência e difusão de tecnologias e de processos. Ampliaremos estas políticas nos próximos anos.

Entre os projetos que capitaneei e que pretendendo aprofundar estão a produção de carne orgânica sustentável, integração Lavoura-Pecuária Floresta (ILPF), programa de recuperação de solos e mananciais, crédito para FCO Verde, geração de energia limpa por meio de biogás na suinocultura, energia solar e de biomassa de cana e madeira. São programas que tem como objetivo nos colocar na dianteira da corrida pela certificação de Carbono Neutro até 2030, e que tem atraído a atenção de governos e empresas dentro e fora do país.

Apesar de considerar uma meta ‘ousada’, acredito que Mato Grosso do Sul será um exemplo para o Brasil e para o mundo, e que estamos no caminho para sermos certificados internacionalmente como um território Carbono Neutro, implementando e respeitando três eixos de políticas ambientais, a preservação da biodiversidade, proteção dos mananciais de águas e o balanço do carbono.
Estas são políticas que unem preservação e desenvolvimento, e que colocam o Mato Grosso do Sul em uma posição de destaque para investidores que, cada vez mais, percebem a importância de aliar estas duas pontas em prol de um futuro sustentável e rentável. Não podemos nos esquecer do Ilumina Pantanal, um programa reconhecido internacionalmente e que levou energia elétrica, de forma limpa e sustentável, para quase 2.9 mil famílias pantaneiras.Em primeiro lugar, gostaria de dizer que considero não só possível, como ideal, a união entre a agropecuária e os interesses ambientais. O Pantanal é um patrimônio do nosso Estado e do Brasil. Cuidar dele, preservá-lo, não é opção, é obrigação. Da mesma forma, viabilizar mecanismos que promovam cadeias produtivas sustentáveis, que garantam a preservação ambiental e ao mesmo tempo gerem emprego e renda, é algo vital e eu vou trabalhar para isso. Nosso Estado possui uma imensa área de pastagem degradada que pode ser utilizada para atividade agropecuária, sem impactar bioma pantaneiro.

Em relação às queimadas, vamos ampliar e fortalecer os meios de identificação de focos e as estruturas de combate ao fogo. Isso e faz com informação e tecnologia. Por isso a infovia digital é tão importante, pois permitirá acompanhamento em tempo real do que ocorre nos recantos mais remotos do nosso Estado. Dotar as forças de combate ao fogo de equipamentos e treinamento adequado também será minha prioridade.

Na área do Turismo, vamos focar forte nos investimentos, criando as condições necessárias na área de infraestrutura e na divulgação dos principais pontos turísticos. Falar deste tema é muito importante. O setor representa 3% do PIB de Mato Grosso do Sul e meu compromisso é subir este percentual para 5%, com investimentos em infraestrutura e promoção. Vamos continuar este trabalho, pois já fomos premiados como referência nacional no setor. Temos muito a crescer no Turismo. Além da geografia privilegiada, a biodiversidade, preservação dos rios, a rota do turismo, o projeto de estrada livre (estradas que tem todo um aparato para proteção contra o atropelamento de animais) e até mesmo nossa imensa população indígena são ativos que podemos fortalecer.

 

 

Rose Modesto (União Brasil)

A candidata Rose Modesto (União Brasil) é a única a abordar a proteção ao Pantanal e dos outros dois biomas de Mato Grosso do Sul, o Cerrado e a Mata Atlântica, em seu programa de governo. Entre as medidas de destaque está o apoio e o fortalecimento das brigadas particulares e comunitárias de combate aos incêndios florestais. Modesto ainda fala em medidas para fazer a substituição do uso do fogo pelos agricultores do estado, para evitar que as queimadas adentrem na vegetação nativa. 

A candidata também propõe o mapeamento de todas as áreas dos três biomas “para possibilitar a criação de medidores de biodiversidade e fortalecer a proteção da fauna e da flora”.  O mecanismo para essa análise seria o Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE.

Seu programa de governo intitulado “Diretrizes para vencer os desafios, têm oito eixos, guiados por cinco diretrizes:   Visão sistêmica entre todas as áreas de gestão; Governança no monitoramento das políticas públicas; Bem comum para que redução das desigualdades sociais Um Plano Aberto que segue em construção para ser aprimorado e  Sustentabilidade para proteção do patrimônio natural do estado. Rose Modesto também adota oito diretrizes de ação, sendo estas: Gestão, Economia, Educação Pública, Saúde Pública, Gente e Cidadania, Segurança Pública, Infraestrutura e Meio Ambiente. 

Segundo o documento, o primeiro aspecto mais prático de proteção à biodiversidade no estado, defende a fiscalização de cumprimento das leis ambientais.  Quanto às áreas protegidas estaduais, a candidata quer a adoção de parcerias público-privadas “para conservação e uso econômico e sustentável”.   

E propõe que o terceiro setor participe das discussões sobre o orçamento do estado. E mecanismos de benefícios fiscais para  investimentos na área ambiental ou social da região. 

Tal qual Puccinelli, Rose defende a sustentabilidade como base econômica através de políticas públicas que promovam a sustentabilidade. Bem afirma que irá promover a Agenda 2030 para implementar e fortalecer políticas públicas para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas – ONU.

As mudanças climáticas aparecem de forma objetiva. Rose propõe fortalecer e aprimorar programas de incentivo à neutralização de carbono, alinhados aos compromissos da COP-26 (Conferência Mundial do Clima), para tornar o Mato Grosso do Sul um estado carbono neutro; e também, promover campanhas de educação ambiental e de orientação sobre os impactos das mudanças climáticas junto à população e aos setores produtivos; 

Bioma em foco

Especificamente sobre o Pantanal, o plano de governo de Rose Modesto fala em “Incentivar ações que promovam o respeito à lógica de desenvolvimento econômico, social e ambiental peculiar do Pantanal nos projetos de desenvolvimento para a região”.

Rose também cita o bioma quando fala do enfrentamento às mudanças climáticas. Ela propõe desenvolver ações de prevenção contra incêndios no Pantanal e no Cerrado e incentivar o reflorestamento de áreas degradadas; como as atingidas pelos incêndios dos últimos três anos. 

Em suas propostas o tema recursos hídricos aparece por meio do  fortalecimento dos Comitês de Bacias e Microbacias Hidrográficas de Mato Grosso do Sul, com vistas à implementação de políticas de recuperação e preservação de rios e nascentes, com plano de recomposição de matas nativas em nascentes e cursos d’água;

Para a fauna silvestres, a candidata do UB afirma que irá ampliar serviços do Centro de Recuperação de Animais Silvestres – CRAS. 

E por fim apoia que pretende fortalecer apoio aos municípios peripantaneiros do entorno pantaneiro para iniciativas que promovam crescimento sustentável na região.

Seguindo os planos de seu correligionário em Mato Grosso, Mauro Mendes (líder das pesquisas na região), ela afirma que pretende concluir o programa de substituição de pontes de madeira por concreto em todas as rodovias estaduais, respeitando o limite prudencial de gastos estabelecido pela legislação vigente.

 Pontos de atenção

Rose defende que irá apoiar a manutenção e o desenvolvimento da pecuária extensiva no Pantanal, oferecer qualificação de mão de obra local e disseminar novas tecnologias para melhorar a produção e assegurar a proteção ambiental. Um dos mecanismos seria a LPF – Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e de recuperação de solo degradado em todas as regiões do estado. Apesar de falar de recuperação de solo, Rose não manifesta clareamento sobre a liberação, ou não, da monocultura de grãos no Pantanal.

Ela também fala de apoio a fiscalização de uso de insumos e defensivos agrícolas em todas as áreas de captação de água, áreas próximas a microbacias e bacias, com atuação do Imasul e comunidade; porém não se posiciona sobre como o estado irá tratar do tema agrotóxicos. 

Para o setor do Turismo, uma cadeia fundamental para o bioma Pantanal, Rose propõe a atualização de UFERMS do Fundo para Desenvolvimento do Turismo de Mato Grosso do Sul – FUNDTUR, sempre que houver mudança no valor; e diz que irá criar uma política de incentivos fiscais, mas que esta será guiada por segmento com a criação de classificação de diferentes incentivos por regiões. Nesse ponto também não fica claro qual será o peso do Pantanal para esta tomada de decisões. 

O que ficou de fora

Rose Modesto não se posicionou sobre a entrada da monocultura de grãos ou cana-de-açúcar dentro do bioma Pantanal. 

Para a o Pantanal ela pretende ampliar a Rodovia Transpantaneira – para promover o desenvolvimento econômico, turístico e ecológico do Pantanal – interligando a via transpantaneira entre os municípios de Porto Murtinho, Corumbá, Rio Verde e Coxim, até a divisa com o estado de Mato Grosso. 

O polêmico projeto não é detalhado, muito menos quais medidas ambientais pretende tomar para evitar questões como o atropelamento de fauna, queimadas e a conversão de áreas naturais.  A candidata não afirmou se irá ou não construir uma ponte sobre os rios Cuiabá e São Lourenço, divisa entre os dois estados. O projeto era a base original da construção da Rodovia Transparente nos anos de 1970 e 1980, mas foi engavetado devido aos impactos ambientais potenciais. 

Entre as propostas de Rose, também não há menção direta à gestão das Unidades de Conversação do estado. Ela fala da criação de espaços adicionais de preservação para a conservação da biodiversidade local, ou que conservem áreas com baixa pressão antrópica, para que se tornem ativos econômicos com o turismo de natureza, sem mencionar se irá ou não criar novas unidades de conservação. 

O que diz a candidata

Em resposta aos questionamentos da SOS Pantanal, Rose Modesto responde:

 Defendemos vários projetos para cuidar não apenas do Pantanal, mas também do Cerrado e demais biomas sul-mato-grossenses. De pronto, sabemos que ideias como o Carbono Neutro

precisam seguir, sendo aperfeiçoadas durante a gestão. Entre os principais programas está o Tem Bioma no Mapa, que visa criar medidores de biodiversidade para fortalecer a preservação local. Acreditamos que isso é muito importante, pois é um dado que pode ser usado para buscar recursos. Já o programa Tem Bioeconomia quer ampliar o atual MS Carbono Neutro e o Carne

Carbono Zero.

Além dos incentivos que esses programas contemplam, vamos ampliar vantagens para a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e a recuperação de áreas degradadas. Vamos reforçar a educação ambiental e orientação sobre os impactos das mudanças climáticas junto à população, escolas e em todos os setores produtivos. Outro programa é o Tem Verde Novo, que prevê parceria com municípios para plantio de árvores em áreas urbanas e incentivo em ações para recuperação de áreas degradadas, além do Pantanal Tecnológico, que quer implantar um polo de biotecnologia em município peripantaneiro, gerando empregos e novas oportunidades de desenvolvimento.

Por fim, há ainda o programa Tem Preservação, um plano de ação que apoia ONGs da área ambiental para compartilhamento de dados, de resultados e desenvolvimento de ações conjuntas que visam a preservação do patrimônio natural do Mato Grosso do Sul.

Sobre o agro no Pantanal, um assunto que precisa de atenção é a soja nesse bioma. Sabemos que a produção de alimentos é a força motriz do desenvolvimento do nosso Estado, mas é

É importante buscar o equilíbrio. Antes de ampliar o plantio de soja no Pantanal, é preciso usar outras áreas para essa produção, principalmente áreas que já estão degradadas. São 8 milhões

de hectares onde isso é possível. Por outro lado, vamos sempre ouvir os especialistas, a ciência, as universidades e a Embrapa para entender como aproveitar produções que não agridam o Pantanal, como culturas que já estejam integradas ao bioma, como a produção de gado e a agricultura familiar, sempre em compromisso com o desenvolvimento sustentável.

Quanto aos demais temas, temos programas específicos para atender essas questões, como é o caso do Previne Pantanal, que tem ações e investimentos em prevenção contra incêndios no

Pantanal e no Cerrado a partir de mais apoio para brigadas de prevenção e combate a incêndio privadas, comunitárias e em comunidades quilombolas e indígenas. Também haverá fortalecimento de campanhas educativas por meio de parcerias com sindicatos rurais e municípios peripantaneiros, além da intensificação das ações de fiscalização e aplicação rígida da lei vigente.

O turismo terá foco especial, com a correta estruturação das atividades a partir do programa Tem Turismo, que vai avaliar as potencialidades de cada local e trabalhar conforme as necessidades de cada local. No Pantanal, o ecoturismo terá fomento a partir de um Plano Estratégico Estadual.

 

 Marquinhos Trad (PSD)  

O Programa de Governo de Marquinhos Trad, ex-prefeito de Campo Grande e que disputa o governo de Mato Grosso do Sul está dividido em cinco eixos e 55 propostas de soluções para o estado, também com foco na geração de emprego e renda para a população. 

O plano de Trad é dividido em nove regiões administrativas, sendo que a maior delas é o Pantanal que ocupa mais de um quarto do território sul-mato-grossense. A região tem um tratamento especial em seu programa, mas oferece mais destaque para os problemas sociais do que para os ambientais.

Gestão do bioma Pantanal

Para o candidato do PSD o Pantanal deve ser integrado ao restante do estado.  “Trata-se de uma região importante e sensível do ponto de vista ambiental, de grande extensão territorial e de baixa densidade demográfica, dificultando a integração, tornando-se um grande desafio do poder público em levar serviços básicos de infraestrutura e educação, saúde e assistência social, principalmente para os locais mais afastados das áreas urbanas e para as comunidades ribeirinhas”, informa.

A tragédia dos incêndios que atingiram 30% do bioma, entre 2020 e 2021, só vai ser tratada na 19ª proposta, que prevê estruturar e modernizar a Defesa Civil com planejamento regionalizado. 

“Temos que investir na Defesa Civil com planejamento, capacitação e aquisição de materiais e equipamentos tecnológicos necessários ao desempenho de suas funções”, argumenta.

A proposta prevê a modernização do Centro de Monitoramento para melhorar a prevenção e dar agilidade ao atendimento das ocorrências de desastres naturais, em especial ao combate às queimadas no Pantanal. Também promete fortalecer as brigadas regionais e a estrutura do Corpo de Bombeiros para combate a incêndios locais.

A região do Pantanal é composta pelos municípios de Anastácio, Aquidauana, Corumbá, Ladário e Miranda, que juntos totalizam 90.264,25km², ou 25,27% do estado. De acordo com o plano de governo de Marquinhos Trad, a região se destaca como polo comercial e turístico, mas apenas Ladário e Corumbá apresentam alto índice de desenvolvimento humano por sua infraestrutura logística nas margens do rio Paraguai e na fronteira com a Bolívia.

 

André Puccinelli (MDB)


O candidato André Puccinelli (MDB) tenta seu terceiro mandato à frente do governo de Mato Grosso do Sul com um plano intitulado “Governo para o Desenvolvimento Sustentável”, de onde se supõe ser um plano ambiciosamente ambientalista. Mas, o bioma Pantanal é citado apenas duas vezes em suas propostas. 

De acordo com pesquisa TV Record/ RealTime Big Data,  Puccinelli aparece na liderança com 22% das intenções de voto. Na sequência, aparecem Marquinhos Trad (PSD), com 19%, Eduardo Riedel (PSDB), com 17%, e Rose Modesto (União Brasil), com 16%. Os quatro candidatos estão empatados dentro da margem de erro, que é de três pontos percentuais. Contratada pela Rede Record, a pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral sob o número MS-06622/2022.

Ao contrário do candidato do MDB, Marcos Trad, Rose Modesto e Eduardo Riedel (PSDB), apresentam propostas com diferentes abordagens para o Pantanal.  

Rose é a única entre os candidatos que fala diretamente da proteção para todos os outros biomas de Mato Grosso do Sul, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica. Entre as medidas propostas pela candidata está o apoio e o fortalecimento das brigadas particulares e comunitárias de combate aos incêndios florestais. 

O que propõe André Puccinelli

Geração de empregos e investimentos e infraestrutura são o forte do plano de André Puccinelli. O candidato pontua que o Estado do Mato Grosso do Sul tem o agronegócio como base de 17,10% de seu PIB, sendo que boa parte desta atividade ocorre no Pantanal, com a pecuária, e nas áreas de cabeceiras e formadores dos rios do bioma no planalto, onde há intensa produção de cana-de-açúcar, soja, arroz, celulose, milho entre outros.

Um dos pontos interessantes do plano é o reconhecimento da necessidade de mudanças nesse modelo produtivo do agronegócio, com grande impacto no desmatamento do Cerrado e uso de agrotóxicos. 

“A forma como o estado do Mato Grosso do Sul tem se desenvolvido, historicamente, aponta para um modelo ainda focado na produção de produtos primários para a exportação – para outros estados do país e para o mundo. Reconhecemos a importância histórica desse modelo e concordamos que o agronegócio continuará desempenhando um papel importante para a nossa economia e para o nosso povo, mas entendemos que esse modelo é insustentável neste futuro próximo. É preciso diversificar a nossa produção para gerar oportunidades e desenvolvimento. E precisamos fazer isso em bases sustentáveis e inclusivas.”, diz.

Segundo as propostas do candidato, o objetivo de seu governo é promover o Desenvolvimento Sustentável no estado do Mato Grosso do Sul, com foco em seis eixos: redução da pobreza e das desigualdades; prosperidade compartilhada; população saudável e educada; preparada para o mercado de trabalho; sociedade pacífica, segura, justa, tolerante e inclusiva; gestão pública moderna e eficiente e, por fim, sustentabilidade ambiental.

O conceito de sustentabilidade defendido por Puccinelli para Mato Grosso foi apresentado de forma abrangente e transversal. “O termo desenvolvimento sustentável representa, por sua vez, uma ampliação do conceito de desenvolvimento ‘total’. Assim, esse modelo tradicional de desenvolvimento, baseado no consumo excessivo de recursos naturais e que compromete a qualidade do meio-ambiente é classificado como insustentável.

Os eixos temáticos 

 No eixo 1, o plano aborda a necessidade de ampliação dos mecanismos de transparência, com Adoção do Governo Aberto, um conjunto de ferramentas e estratégias que abrangem diversos temas, como a participação social, acesso à informação e até mesmo a transparência entre o governo e a população. 

No eixo 2 do plano (Desenvolvimento e oportunidades em uma economia vibrante), referente às propostas para economia, o candidato aborda a intenção de fomentar o turismo na região, uma das atividades que mais colabora para a proteção do bioma Pantanal e a região de suas cabeceiras. 

“Explorar a nossa natureza, nosso patrimônio histórico, nossa gentileza e nossa simpatia para promovermos de modo único a nossa cadeia produtiva do turismo em bases sustentáveis”, diz. 

Esse foi um dos poucos tópicos onde o Pantanal é citado de forma direta. “Desenvolver e implementar programas para o desenvolvimento do turismo sustentável em nosso estado; desenvolvimento do destino Mato Grosso do Sul; consolidação dos destinos”Pantanal “ e”Bonito“; identificação, desenvolvimento e estruturação de novos destinos; desenvolvimento do turismo de Eventos e Negócios em Campo Grande.”

Pontos de atenção

Todas as suas propostas de desenvolvimento preveem a sustentabilidade, desde o agronegócio ao extrativismo mineral, dois temas de grande potencial de impacto ambiental.  

As questões referentes a melhorias nas logística para o turismo também foram lembradas, embora também não exista menção a medidas que possam evitar o atropelamento de fauna.  

Desde o final de 2020 e começo de 2021 o Pantanal vem sofrendo com o aumento do atropelamento de animais silvestres gerando um enorme impacto para a biodiversidade, sobretudo por conta das queimadas. A BR-262, com mais de 200 km, entre Campo Grande e Corumbá é conhecida como a “rodovia da morte” para a fauna, devido a imprudência, excesso de velocidade e falta de atenção dos motoristas que ocasionam centenas de mortes desses animais diariamente.

Segundo o Projeto Bandeiras e Rodovias do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), foi observado em 3 anos de monitoramento o atropelamento de 6.500 animais, sendo 58% mamíferos, dos quais 316 se encontram ameaçados de extinção, como: tamanduá-bandeira, anta, cervo do pantanal, queixada, lobo-guará, cachorro vinagre, gato palheiro, gato mourisco e até onça pintada.

O tema água também foi relembrado por Puccinelli, novamente sem referência direta ao Pantanal, a maior área úmida continental do planeta. A proposta busca a ampliação e melhoria dos serviços de saneamento básico: água, esgoto, drenagem e coleta e tratamento de resíduos. E, desenvolvimento de ações visando a segurança hídrica do Mato Grosso do Sul.

De acordo com dados do Instituto Trata Brasil de 2022, o estado tem muito que avançar no tema. Apesar da Capital estar entre os cinco melhores municípios para tratamento e fornecimento de água, nenhum município de Mato Grosso do Sul tem destaque quando o tema é coleta e tratamento de efluentes. Um problema que também afeta diretamente o Pantanal e suas águas. 

O que ficou de fora

Não há mais do que uma referência explícita ao Pantanal no plano de Puccinelli. Apesar da importância do Pantanal para o Mato Grosso do Sul e os impactos a que o bioma vem sendo submetido nos últimos anos – sobretudo com as queimadas, houve pouca, ou quase nenhuma, proposição direta. O bioma é apenas apresentado entre uma das regiões de Mato Grosso do Sul e quando o candidato trata da necessidade de fomento ao turismo.

De forma mais prática, Puccinelli informa apenas que seu governo prevê a adoção de políticas de promoção de um meio ambiente saudável e que visem a conservação dos recursos naturais e da biodiversidade do estado; a recuperação de áreas degradadas; a redução da poluição do ar, da água e da terra; a melhoria da qualidade da água; ao conhecimento aprofundado sobre os biomas e recursos naturais e que levem a exploração sustentável do capital ambiental.

Ao longo do Plano está a importância do desenvolvimento sustentável enfatizando as mudanças climáticas que ocasionam “alterações nos padrões temporais e espaciais da ocorrência de chuvas e secas; a redução das fontes disponíveis de água doce de boa qualidade; a pesca excessiva nos oceanos e rios; o desmatamento; a poluição da água, do ar e do solo e a fome”. 

 O que diz o candidato sobre o Pantanal

 Ao ser questionado sobre a proteção e gestão ambiental do bioma, o candidato afirma:

Cuidaremos dos três biomas: Mata Atlântica, do Cerrado e do Pantanal dentro da legislação pertinente e atual. Recuperarmos as cabeceiras dos córregos, isolando-as para que tenham suas matas ciliares recompostas e possam as cabeceiras fluírem e terem ressurgências maiores.

Ao longo dos córregos recuperarmos a mata nativa, para que nós possamos não ter mais carreamento de sedimentos a jusante e, além disso, dentro de parceria com o Governo Federal e com a Marinha, por meio da batimetria recuperarmos a profundidade dos rios para que possamos ter navegabilidade no rio Paraguai. 

O Pantanal tem e deverá manter os seus 87% de área intactos. Não sou pela antropização do Pantanal no que concerne às mudanças das pastagens naturais por pastagens artificiais. Pecuária extensiva é uma atividade que poderá ser preservada e ser preservacionista do nosso Pantanal ao mesmo tempo. 

Conciliar o turismo, por meio de pousadas para conscientização dos visitantes e de aula ambiental nas pousadas (educação ambiental) para que tenha introjetado conhecimento da preservação ambiental. Turismo ecológico e de contemplação mantidos. 

Queimadas- A conscientização educacional nas escolas e de toda a nossa população, para que nós possamos ter, em um eventual incidente, brigadas volumosas, além das brigadas estaduais e dos apoios tecnológicos para o combate aos incêndios. 

Unidades de conservação – Unidades dentro do Pantanal, uma em cada município seria o ideal. Para que essas unidades, interagindo com a sociedade civil, possam conscientizar de que o Pantanal é nosso e precisa ser preservado. Unidade de conservação com o apoio das universidades, da UEMS será por nós buscada. 

 

Ao ser questionado sobre suas propostas exclusivas para o bioma Pantanal, Marquinhos Trad não se posicionou, o espaço segue aberto.

 

 

Texto por: Juliana Arini