O Instituto SOS Pantanal desde sua fundação vem executando ações que promovem o maior conhecimento sobre o ambiente pantaneiro. Sua primeira ação foi um levantamento inédito sobre a vegetação da Bacia do Alto Paraguai (BAP), com o escopo de compreender sua dinâmica ambiental e os vetores de pressão sobre a região.

A bacia hidrográfica do Alto Paraguai – BAP – compreende 4,3% do território brasileiro, englobando os estados de Mato Grosso do Sul (51,8%) e do Mato Grosso (48,2%). Essa área inclui duas grandes regiões fisiográficas: o Pantanal propriamente dito ou Planície do Pantanal com cerca de 150.000 km2 e Planalto que circunda a planície, com cerca de 217.000 km2.

Com base no mapeamento na caracterização da cobertura vegetal da BAP, foi a constatado que até 2008 a planície pantaneira manteve intactos 86% de sua cobertura vegetal nativa, enquanto o planalto (onde nascem os rios do Pantanal), tem apenas 42% de sua cobertura vegetal nativa.

A Planície do Pantanal é drenada pelo Rio Paraguai e uma extensa rede de afluentes sujeitos a um regime hídrico de cheias sazonais e particularidades que conferem um caráter peculiar à região. O Planalto pode atingir entre 500 e 1400 metros de altitude nas regiões norte e leste da bacia, onde se localizam as nascentes dos rios da BAP.

Além da fragilidade natural proporcionada pelas condições do relevo e pela natureza dos solos, o planalto sofreu uma grande intervenção humana que provocou a remoção da cobertura vegetal original de forma generalizada, incluindo as matas ciliares e vegetação das nascentes, em função da expansão da agricultura e da pecuária.

As áreas agrícolas e de pastagens, carentes de um manejo adequado que levasse em conta as suas fragilidades naturais, tornaram-se grandes produtoras de sedimentos que são carreados para o leito dos rios, acompanhados de produtos químicos residuais de adubos e agrotóxicos. No momento em que os rios alcançam a região da planície, suas águas perdem a capacidade de transporte desses sedimentos, que são ali depositados causando o assoreamento generalizado dos baixos cursos fluviais.

Este assunto foi escolhido porque o desmatamento no Pantanal sempre foi um tema polêmico para os atores envolvidos e para poder discutir e buscar soluções para esta ameaça é necessário informações de credibilidade. Com esta finalidade o SOS Pantanal junto com as organizações não governamentais SOS Mata Atlântica, WWF-Brasil, Conservação Internacional, Fundação Avina e Ecoa-Ecologia eAção realizou o mapeamento da cobertura vegetal da Bacia do Alto Paraguai. Para download do estudo clique aqui.

A cada dois anos o Instituto realizará este estudo com objetivo de consolidar uma informação confiável e iniciar o monitoramento de alterações da cobertura periodicamente, permitindo que sejam traçadas estratégias de apoio à conservação do Pantanal e de suas nascentes no planalto. Mesmo estando, de certa forma, preservado, é necessário o estabelecimento de diretrizes para contribuir com a integridade da Bacia do Alto Paraguai como um todo.