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O incrível trabalho de monitoramento e identificação dos animais pantaneiros

Por 6 de fevereiro de 2020abril 14th, 2021Animais do Pantanal, Conservação, Meio Ambiente, Notícias, Pantanal

Graças ao ecólogo americano Douglas Trent, as onças-pintadas (Panthera onca) e ariranhas (Pteronura brasiliensis) da região de Cáceres – MT, têm deixado o anonimato. Por meio da iniciativa Bichos do Pantanal, ele e sua equipe monitoram e identificam os indivíduos de ambas as espécies, com o intuito de estudar seus comportamentos e traçar melhores estratégias de conservação da fauna. 

Onças-pintadas são monitoradas e identificadas no Pantanal. (Foto: Bichos do Pantanal)

A tecnologia é um fator importante nesta pesquisa. Os profissionais utilizam câmeras trap, que são armadilhas fotográficas acionadas por movimento, para registrar momentos chave da vida silvestre, sem interferência direta. A partir dos vídeos e/ou fotos obtidas, conseguem monitorar e estudar mais profundamente os hábitos das espécies. 

Mas, como é possível reconhecer o mesmo indivíduo apenas pelas imagens registradas por câmeras? Trent explica que, assim como a digital humana define cada pessoa como um ser único, a identidade de uma onça-pintada também pode ser reconhecida por seu padrão de manchas, que nunca se repete de um indivíduo para outro. O mesmo acontece com as ariranhas, cujas manchas no pescoço e garganta são sempre únicas.

Ariranhas podem ser reconhecidas pelo padrão de mancha no pescoço. (Foto: Bichos do Pantanal)

Os animais foram escolhidos não apenas pela vantagem física de identificação, mas pela abundância da população no Pantanal. Eles são facilmente encontrados no bioma e têm grande importância ecológica para o ecossistema da região. “Ecologia é o estudo de conexões entre as espécies, então esse trabalho envolve mais do que só as ariranhas e onças-pintadas.”, afirma o ecólogo. 

A importância da identificação 

O monitoramento e identificação dos animais ajudam no aprofundamento dos estudos. Ao saber os hábitos de certos indivíduos e definir padrões, é possível prever alguns comportamentos. 

No caso das onças, utilizam os estudos para conhecer melhor a população. Ainda usam o conhecimento sobre o Rio Paraguai para entender a dinâmica com capivaras, por exemplo, e outros animais que servem como presa para o felino. No caso das ariranhas, documentam mudanças nos membros dos grupos, que podem variar ano após ano. 

O que é feito com os dados recolhidos? 

De acordo com Trent, os dados são enviados à Petrobras, principal patrocinador do projeto, para a produção dos relatórios de resultados. Além disso, também são utilizados para escrever e publicar artigos científicos, alavancando a geração de conhecimento sobre a fauna. 

Ao aprofundar seu conhecimento sobre hábitos e comportamentos dos animais, a equipe consegue traçar melhores estratégias de conservação. A informação é um dos pilares mais importantes na luta pela proteção do Pantanal e sua biodiversidade. Quanto mais as pessoas conhecem sobre o assunto, mais aflorada fica a necessidade de preservação. Essa é a premissa da educação ambiental. 

Sobre Douglas Trent

Trent mudou-se para o Brasil em 1981. Apaixonou-se, primeiramente, pelas aves brasileiras, enquanto trabalhava com o fotógrafo americano de vida selvagem John Dunning. Em conjunto, produziram uma série de guias sobre pássaros sul-americanos.

Douglas Trent, o “Birdman” brasileiro. (Foto: Forbes)

De tanto apreciar e estudar a fundo as aves nacionais, em especial os indivíduos do Pantanal, recebeu até o reconhecimento de “Birdman” brasileiro.  “Ele identificava pássaros no alto das árvores antes mesmo que os víssemos. Contava tudo sobre seu comportamento e histórias de vida”, afirma o tratador Jack Hanna (celebridade reconhecida pela proximidade com o universo de vida selvagem). 

Hoje, seu trabalho e paixão evoluíram de aves para outros animais, além de envolver muito mais do que apenas monitoramento da fauna pantaneira. Ele atua diretamente na conservação do Pantanal por meio do ecoturismo, promovendo o desenvolvimento sustentável da região. Para saber a história completa, você pode conferir uma reportagem sobre sua vida publicada na Forbes.  

 

Nós apoiamos e admiramos o trabalho de conservação realizado pelo Bichos do Pantanal, em especial a dedicação de Douglas Trent para/com a iniciativa. Juntos, nós podemos fazer muito pela biodiversidade regional!